Quem der uma olhada no meu portifólio no Flickr, verá facilmente que fotografar pessoas e sob condições controladas (leia-se: estúdio) não é algo que fiz muito.
Porém, de uma brincadeira numa dessas conversas de café no trabalho surgiu a oportunidade de tentar isso. Confesso que não é algo fácil, pois o trabalho ultrapassa a teoria que encontramos em livros, sites e outras fontes que explicam como usar as regras. Como diriam meus colegas: "não é trivial.
A principal dificuldade é comunicar ao "modelo" (que na verdade é um músico) o que é necessário que ele faça e fazer isso parecer muito natural. Por essa questão é que se pegam conversas como: "imagine que você está vendo algo que te faz feliz e mostre isso no seu rosto!", ou "A partir de agora você me odeia e faça para feia pra mim como se você fosse me bater!"...
A técnica inversa é tentar fazer a câmera "não participar" do evento... deixar as pessoas "esquecerem" dela... isso é especialmente interessante quando o interesse está nas ações. Em geral, fotografia de documentário usa essa técnica: imagine pessoas que nunca viram uma lâmpada se depararem com um câmera e todo o aparato que vem com ela? Como tirar fotos naturais dessas pessoas numa situação dessas que não sejam da curiosidade ou medo do equipamento?
Num grau menor, todos nós nos sentimos incomodados de sermos observados quando não estamos acostumados a isso, pois é uma situação atípica. Isso tem vem da abstração de que observar algo significa interagir com esse "algo" e, no frigir dos ovos, o que se observa não é mais o algo mas sim um interação entre o observador e o observado.
No caso desse trabalho, usei as duas abordagens e acho que deu bem certo! Na primeira, foi criado todo um ambiente e tentado um clima para que fossem feitas as fotos: a posição do sofá, a posição do músicos, o tipo de iluminação... e ainda assim muitas capturas foram necessárias para um resultado satisfatório, porém essas foram no estilo bem próximo ao
stock. No caso da segunda, as fotos foram feitas durante um ensaio musical já habitual: as coisas foram mais suaves e se assemelharam mais a uma cobertura do evento que um ensaio fotográfico pois ao longo do tempo a presença da câmera ficou esquecida.
De qualquer forma, as duas experiências foram muito interessantes.
O resultado pode ser acompanhado no meu portifólio no
Flickr.